A Fazenda Colubandê sorriu por 8 dias

A Fazenda Colubandê sorriu por uma semana

Um dos maiores patrimônios históricos do Brasil, a Fazenda Colubandê literalmente cai aos pedaços. Nenhum órgão público cuida dela. Ela já foi saqueada e levaram quase todas as obras de arte e antiguidades do local. A memória de São Gonçalo foi vendida no mercado negro. Apesar de tudo isso, por 8 dias a Fazenda recebeu a presença de um público especial para uma feira literária financiada com dinheiro do povo que ninguém explicou direito como seria aplicado. Só a Prefeitura de São Gonçalo gastou R$ 1,4 milhão (Jornal Extra). Lotada de rostos jovens e sorridentes, sem culpa pelo descaso que sofre a Fazenda Colubandê sorriu também.

É possível que cada pessoa presente na LER – Salão Carioca do Livro, que aconteceu entre os dias 4 e 11 de dezembro, tenha vivido uma experiência única. A quantidade de atrações diferentes permitiu explorar o evento de acordo com as preferências pessoais. O que ninguém pode negar é que existiu um protagonista: o estudante, que chegou em dezenas de ônibus de escolas municipais e estaduais.

Onde tem estudante, tem festa. No dia 8 de dezembro nem a chuva atrapalhou. A garotada passava por cima das poças de lama sem medo de se sujar. Com decoração colorida e moderna voltada para o público-alvo, que sustenta a feira literária sob todos os aspectos, um evidente clima de amizade se espalhava pelo cenário da LER. Algo próximo da emoção de um Rock in Rio em tamanho menor.

Também tinha palco e apresentação musical no circuito da feira. Poesia, da erudita e complexa à simples e popular, que antes de tudo explicou aos estudantes que toda expressão artística pode ser poesia. Teve bastante funk e dança também. Aliás, ambos chegaram a ocupar a Tenda dos Esportes e levaram o público à loucura com uma competição improvisada entre dois estudantes. Nada mais apropriado, em São Gonçalo funk realmente é esporte.

No salão principal, livro vendia igual bala em boteco. Graças aos vales concedidos aos estudantes (exceto alunos da rede gonçalense, segundo o Extra), os exemplares mais disputados caíam no chão antes de serem levados ao caixa, apesar do preço caro. Encontrar um livro com valor normal de mercado era tarefa quase impossível. Nas demais tendas, uma ao lado da outra, cada espaço era um universo. Em uma tenda era possível jogar online com os demais visitantes da feira, na outra acontecia um teatro de bonecos. O tédio passou longe da Fazenda Colubandê nos dias de LER.

A feira também soube atrair os escritores gonçalenses. Eles conversaram com o público nos espaços reservados às oficinas e havia uma tenda enorme, animada e muito bem frequentada dedicada à Academia Gonçalense de Letras. Uma pena os governos Estadual e Municipal, parceiros financeiros da LER, não terem aproveitado a oportunidade para valorizar o local onde a feira aconteceu. As paredes da Fazenda Colubandê, apenas pintadas de branco para o evento, continuam desabando.

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