O território brasileiro, sua exuberância, povo e natureza, todo o esplendor que singulariza esta terra diante do mundo inteiro, foram violentamente atacados dia 5 de novembro de 2015, a partir do município mineiro de Mariana.
A intensidade colossal do ataque resulta da absoluta falta de respeito pelo Brasil, do desprezo do explorador pela vítima muda. Vem da cega ganância humana que se alimenta do sangue nativo e definitivamente pôs os olhos nessas terras puras pela primeira vez em abril de 1500, e ainda batizou um estado inteiro, as Minas Gerais. Desde então, a alegria do mais forte, que detém poder sobre a vida ao redor, é a tristeza do solo aberto, destruído, do povo escravizado para extrair o mais profundo metal, quando o necessário à sobrevivência digna fica na superfície.
Um rio, uma terra, onze pessoas e um ecossistema inteiro morreram até agora. A tragédia multiplicará seus efeitos por décadas, eliminando animais e vegetação. Milhares perderam da moradia ao sustento, uma tribo indígena chora suas perdas, milhões de brasileiros lamentam sua impotência diante da morte generalizada. E a Samarco, que reconheceu o risco de outras barragens se romperem, deseja o aval da sociedade para retomar suas operações, mas não tem aval nem para existir mais.
É lamentável, triste e doloroso perceber o quanto o Brasil continua o mesmo gigante cativo, usado à exaustão, até esgotar cada traço de dignidade da alma. A História não se surpreendeu ao testemunhar o maior desastre ambiental, envolvendo rejeitos de mineração, acontecer em terras brasileiras. É nossa também a maior tragédia humana escravocrata, usuária do ser e do meio ambiente, que de novo atinge proporções gigantescas.
Estrangeiros acusam os brasileiros de padecerem de um derrotismo crônico, consciência passiva de eterno condenado à corrupção, burocracia e ao subdesenvolvimento. Não ignoramos que somos historicamente atacados, feitos de objeto descartável manipulado pelo próprio capital estrangeiro, unido à pior índole que à força habita e corrompe o país. Mas no momento muitos doam mantimentos aos afetados pela lama e desabrigados, trabalham – como Sebastião Salgado, do Instituto Terra – para recuperar o meio ambiente e reerguer o Brasil deste último ataque covarde. Prejudicados, condenados não, muito menos passivos.
Desda primeira vez que ouvi sobre esse desastre, fico sem saber o que falar para expressar o que sinto sobre essa tragédia.
VC conseguiu me expressar.
Obrigado!
Eu que agradeço por você ler e comentar meus artigos, Raphael!