Crianças são brutalmente assassinadas todos os dias no Brasil, seja nas favelas cariocas, vítimas de armas de fogo, ou no sertão nordestino, tomadas pela desnutrição. Mas, a morte do menino boliviano Brayan, de 5 anos, com um tiro na cabeça, enquanto chorava no colo da mãe e implorava para não ser morto, mostra que ainda não estamos satisfeitos com o tamanho da crueldade cotidiana e que também é necessário matar crianças estrangeiras.
Dizem que o bandido que assaltava a casa dos pais de Brayan, na zona leste de São Paulo, apertou o gatilho porque se irritou com o desespero do menino. Não. Ele apertou o gatilho unicamente porque é um psicopata assassino, frio e consciente de seus atos bestiais, que deveria ser enjaulado, isolado da sociedade até o dia de sua morte e então jogado em uma vala rasa qualquer. A polícia paulista, no entanto, continua fracassando em localizá-lo e prendê-lo há mais de um mês e a incompetência dela garante a parcela de responsabilidade dos cidadãos comuns sobre este ato covarde.
A Arquidiocese de São Paulo ofereceu missa em sufrágio pela alma de Brayan e alguns empresários doaram dinheiro para sua família, que obviamente desistiu de se estabelecer aqui e retornou à Bolívia. Como não há ato reparador ou justiça possível, resta trabalhar com afinco para que o Brasil deixe de ser a terra da impunidade onde seus monstros, quando presos, sabem que aproveitarão livremente o Dia das Mães e o Natal longe das grades.
Pelo horror vivido em solo nacional que resultou na morte violenta da criança, espero que o governo brasileiro tenha oficialmente pedido perdão aos parentes de Brayan. E que eles nunca nos perdoem.