Cavalos arrastam o Rio de Janeiro

Foto: Jornal O Dia
Foto: Jornal O Dia

O policial Bruno Pereira foi amarrado a um cavalo, em Nova Iguaçu, e cruelmente arrastado por mil metros até a morte. No morro da Providência, um jovem foi espancado e, estirado no chão, executado por policiais a tiros, como se fosse um inseto insignificante. A violência extrema, resultado de uma sociedade assumidamente corrompida, conduz o Rio a um mar repleto de sangue e insanidade.

Bruno tinha 30 anos, era casado e pai de um menino. Ele foi o 53º policial morto em 2015 no Estado. O costume de atirar primeiro, depois forjar a resistência da vítima, não livra a Polícia Militar das consequências mortais da guerra que protagoniza, junto com bandidos.

Um adolescente de 17 anos confessou que montava o cavalo usado na Baixada Fluminense para arrastar Bruno. O jovem que a PMERJ espancou e matou na Providência, Eduardo Felipe Santos, tinha anotações criminais por injúria, ameaça e tráfico de drogas e, coincidentemente, também tinha 17 anos. Algo está errado, é evidente: indivíduos em formação, menores de idade, matam policiais enquanto se divertem cavalgando, e, ao mesmo tempo, são barbaramente assassinados pela Polícia.

A burrice, o cansaço ou prazer que sentem ao matar impede que muitos policiais percebam que vingança e mais mortes não resolverão a guerra. Eles foram contaminados pela loucura comum que domina soldados, como os desvairados combatentes americanos na Guerra do Vietnã, que chegaram ao ponto de atacar aldeias civis, estuprar mulheres e assassinar crianças. As crianças fluminenses, aliás, já são frequentemente alvejadas pela Polícia na porta da escola, na rua ou dentro de casa.

Como uma fábrica fordista, a sociedade injusta e desigual do estado do Rio de Janeiro forma criminosos aos montes nas regiões ainda dominadas pelo tráfico de drogas, donas das piores condições de habitação do mundo, cujos moradores são rejeitados até no espaço público da praia. Contudo, até que boas pessoas surjam no governo estadual e federal e incentivem as reformas sociais necessárias, a população espera que a PMERJ resista aos ataques que sofre, supere seu despreparo técnico e psicológico e cumpra seu papel de servir e proteger.

Sem ao menos a honestidade policial, o Rio de Janeiro será arrastado até a morte, vítima e testemunha desta violência insana.

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