Defensores do mal-entendido

Dilma Rousseff foi reeleita Presidente do Brasil pela força do voto popular. Voto conquistado através de campanha eleitoral financiada pelo dinheiro sujo das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Propina que beneficiou também as candidaturas do PSDB, PMDB e inúmeros partidos políticos, de acordo com o cruzamento de investigações da Operação Lava-Jato e relatórios fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral. Esta é a democracia deturpada defendida do Planalto à Câmara dos Deputados, passando pelo Senado, usando o povo como alavanca na disputa doentia pelo poder.

Os principais porta-vozes da vontade popular em Brasília carregam indícios – e fatos – de crimes inadmissíveis ao exercício de qualquer função pública ou privada. Transformaram dons democráticos em ferramentas para atormentar a vida do cidadão. Incapaz de governar, a chefe do Poder Executivo se defende contra a ameaça de impeachment por crimes de responsabilidade fiscal distribuindo cargos públicos, como se fossem balas e pirulitos. E no Congresso, tão maliciosos quanto conservadores, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ambos envolvidos em falcatruas antes de serem investigados por corrupção na Petrobras, são um entrave entre o povo e o desenvolvimento da Nação a partir dos cargos que ocupam.

Em vez de vítima das relações viciadas entre os Poderes, Dilma contaminou seu governo através de alianças imorais com mafiosos como Delcídio do Amaral e partidos parasitas como o PMDB. Má interpretação da democracia, encarada como palco de experiências ambiciosas irrestritas, onde a participação das camadas populares ocorre apenas nas eleições sob a influência de campanhas eleitorais milionárias e corruptas.

Além dos representantes eleitos, significativa parcela da sociedade confunde o papel e o grau de maturidade das instituições nacionais. O sensacionalismo da Operação Lava-Jato ao avançar sobre o ex-presidente Lula recebeu aplausos surpreendentes. A articulação entre a Justiça, o Ministério Público e a Polícia no âmbito federal, que já recuperou quase R$ 3 bilhões roubados da maior estatal do país, tem por outro lado a ousadia de priorizar e selecionar os suspeitos que investiga, ignorar outros e com isso influenciar deliberadamente o jogo político, contribuindo para o imenso mal-entendido onde vivemos.

A mudança necessária mais profunda, o fim do crime organizado na política brasileira, é desejo comum cada vez mais forte, felizmente. Exige um país limpo por inteiro sem pré-condições, como “primeiro tirar a Dilma do Poder”, pede uma interpretação correta da Democracia, que naturalmente una lados opostos, ilibada desde a campanha eleitoral.

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