Derrota da sensatez

Foto: Evaristo Sa / AFP
Foto: Evaristo Sa / AFP

Em janeiro deste ano, quando nomeou Joaquim Levy como ministro da Fazenda, a presidente Dilma fingiu ser capaz de reconhecer seus erros e fazer os ajustes necessários para recuperar a economia do país. Após onze meses sofrendo traições e armadilhas do governo e acumulando derrotas em propostas fundamentais, Levy deu fim ao fingimento da presidente e pediu demissão do cargo.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou praticamente estagnado em 2014 (cresceu apenas 0,1%, segundo o IBGE). Com a economia em recessão, as previsões do mercado financeiro para 2015 são ainda piores e apontam redução de -3,6% do PIB. Hoje o Brasil precisa da sensatez técnica de Levy, que o credenciou ao cargo na Fazenda, mais do que no início do ano. No entanto, as principais propostas do ex-ministro, como a manutenção da meta fiscal de 2016 em 0,7% (economia para pagar juros da dívida pública), foram covardemente descartadas pelo governo, que apresentou proposta de 0,5% ao Congresso, sem a participação de Levy.

O governo Dilma jamais considerou uma estratégia diferente daquela que causou a recessão atual e defende gastos irresponsáveis com a desculpa de aquecer a economia. Ao ser substituído por Nelson Barbosa, que comandava o Ministério do Planejamento, Joaquim Levy levou consigo sua visão divergente, mas lúcida, a possibilidade do debate, e o governo perdeu o valor da segunda opinião, essencial diante da crise.

Se Levy falhou em algum aspecto, foi na tarefa de convencer a presidente Dilma Rousseff da necessidade de maior austeridade no Orçamento. Tarefa ingrata, contudo, visto que falta à presidente a humildade necessária para admitir mudanças em sua falha ideologia. Ela frequentemente exibe grave prepotência, característica conhecida da sua personalidade, como demonstrou ao dizer: “A CEF é do governo. É nossa”, quando na verdade a Caixa Econômica Federal pertence unicamente ao povo brasileiro.

Sem qualquer voto de confiança de quem o nomeou, impossibilitado de articular apoio para as medidas que propunha, Joaquim Levy não pôde trabalhar como gostaria. Com a saída dele, o contraponto ao fracasso, no auge do momento em que a população anseia por sinais de um futuro melhor, o governo Dilma fica ainda mais petista, ignorante e prepotente.

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