Façam esse texto chegar ao prefeito pra gente tomar um litrão

Façam esse texto chegar ao prefeito pra gente tomar um litrão

Caro prefeito José Luiz Nanci, entendo sua dor. Deve ser triste e solitário governar São Gonçalo, uma cidade complexa, sem ter competência alguma, no meio de uma pandemia. E ainda não poder tomar uma cerveja na nossa glamorosa Praia das Pedrinhas sem receber uma tonelada de críticas pelo Facebook em tempo real.

A imprensa não entende que os decretos são assinados pra massa cumprir, pro bem do povão abandonado, e que acaba ninguém respeitando mesmo. Se o gonçalense não liga pra própria saúde, o que podemos fazer? Insistir até criar uma nova consciência cidadã seria pedir demais. O camelô que põe seu isopor de gelo no chão do Calçadão de Alcântara e rouba o wifi da Impecável pra acessar o WhatsApps e compartilhar fotos da sua camisa aberta em uma mesa de bar nunca fará ideia do sofrimento que é passar o dia sentado no gabinete, escorregando naquela cadeira branca e alta, com o ar-condicionado no 15, tendo que ouvir reclamações da primeira-dama e ameaças do vice-prefeito. São dois leões selvagens por dia antes do café da manhã, desde 2017, que fazem você se arrepender de ter dado ouvidos a mais uma ambição política, ser prefeito de São Gonçalo.

Sei que você trocaria de lugar com qualquer pessoa, mas não troca porque ambição e política são inseparáveis. A tentação pelo poder é tão grande quanto pelo dinheiro que vinha do salário de médico da rede pública enquanto você já era deputado estadual, mesmo com a Constituição dizendo, no artigo 38, que o servidor público deve se afastar do cargo para exercer mandato estadual. Se afastar e continuar recebendo é o fruto da tentação.

Se as pessoas soubessem como é difícil administrar São Gonçalo, apoiariam seus minutinhos de prazer. Principalmente com a cidade desta forma, repleta de jovens desempregados se drogando e se perdendo nas praças públicas onde deveriam existir crianças brincando. Você não estava preparado pra isso e ninguém no seu lugar, sem amor de verdade por essa juventude, estaria. Pra piorar, são tantos gritos na Câmara e no prédio da Prefeitura de gente exigindo cargos no governo que o barulho te acompanha desde o fim do expediente e só diminui com a brisa do mar. Sem cervejinha na Pedrinhas e com o corona no calcanhar, você surta.

São Gonçalo é um navio afundando e você ainda está fazendo um favor ao trazer para o governo seu papagaio, seu cachorro e sua tia-avó. Um frouxo já teria chutado o balde. Por falta de iniciativa e criatividade, não há como acender uma luz ou iniciar um movimento de transformação municipal que ensine algo bom aos jovens. Por omissão, não há como plantar uma ideia positiva na mente e no coração de um milhão de gonçalenses, mas de covarde ninguém pode te chamar.

Você vai continuar bebendo em público, ao invés de beber em casa, pegando e transmitindo o corona, como o camelô que precisa vender água e guaravita para sustentar os filhos. Em respeito à sua natureza gonçalense, a fim de não trair a si mesmo e para ter condições de continuar sendo prefeito desse camelô, você precisa beber ao ar livre, na nossa praia mais prejudicada. Vamos tomar um litrão gelado, me deixe ir junto. Faltam seis meses pra essa perseguição acabar, não sofra sozinho.

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