Apesar de populosa e importante para o estado do Rio, a cidade de São Gonçalo não possui um jornal ou revista de qualidade, realmente dedicado a ela. O que encontramos nas bancas são veículos se aproveitando do nome da cidade para ganhar dinheiro.
O jornal O São Gonçalo, que na verdade aborda 6 cidades, reúne os piores adjetivos que um projeto jornalístico conseguiria: destaca assassinatos com exagero doentio, jamais faz qualquer oposição ou crítica política, publica frequentemente a opinião dos proprietários (demonstrando dependência e parcialidade) e ainda é usado como ferramenta de bajulação do governo municipal.
Pertencente ao jornal Extra, o caderno Mais São Gonçalo, apesar do nome que carrega, também não destaca nossa cidade como ela merece, e igualmente divide seu espaço minúsculo com notícias sobre Niterói, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito e Maricá. Há dias em que nada de interessante é publicado, no entanto, em algumas notícias percebe-se a capacidade de questionamento do caderno, qualidade básica do Jornalismo. Mais São Gonçalo foi o único que divulgou crimes recentes cometidos pela Prefeitura, como jogar carteiras escolares no lixo ou cortar árvores para pendurar placas.
O Fluminense, sediado em Niterói, percebendo a ausência de um jornal decente em São Gonçalo, eventualmente escreve sobre a cidade; quando o faz, cumpre superficialmente o papel de informar a população.
Sem um jornal ou revista digna, o gonçalense não descobre, por exemplo, o que acontece nas secretarias públicas, se as condições de trabalho são adequadas, se nosso dinheiro é investido com responsabilidade, por que as promessas de campanha não são cumpridas, quais alianças políticas são construídas etc.
Imerso na ignorância, incapaz de formar a própria opinião sobre os fatos, o gonçalense não influencia as decisões tomadas por seus representantes no Executivo e no Legislativo. Como funcionários do povo, eles precisam saber que estão sendo vigiados, por isso rogo aos servidores públicos que compartilhem as irregularidades que testemunham.
Uma parcela considerável dos moradores da cidade, formada por profissionais qualificados, com bom salário, se desloca diariamente para o trabalho lendo notícias sobre o Brasil e o Rio de Janeiro nos seus smartphones. Eles estão cansados de ver corpos crivados de balas e ávidos por um jornal de verdade dedicado a São Gonçalo.
Comungo da mesma opinião e acrescento que uma rádio genuinamente gonçalense, mas que não se entregue ao popularesco é algo FUNDAMENTAL ao acesso a informação e senso crítico. Precisamos de mais pessoas que contestem este estado de inércia que vive o gonçalense e o completo amadorismo e/ou banditismo que impera no legislativo e executivo desta cidade que até hoje não descobriu a que veio!
Sábias palavras, Fabiano. São Gonçalo já possui a mão-de-obra necessária para ser uma grande cidade, só que hoje essa força de trabalho se desloca diariamente para Niterói ou Rio de Janeiro.
Como jornalista e depois de trabalhar em São Gonçalo, acredito que veículos de comunicação são fundamentais em uma cidade como essa. Enxergo inclusive que as faculdades locais poderiam se mobilizar em relação a isso, pegar os estudantes de comunicação e ensinar na.prática como se faz um jornal. Essa iniciativa além de enriquecer o currículo dos estudantes também abriria portas para outros profissionais ( designer, profissionais de rádio e TV, publicitários) . Tenho certeza que serão veículos infinitamente melhores dos que os existentes.
Grande sugestão, Érica. Como gonçalense, agradeço pela dica. Compartilhei o artigo com as universidades daqui, quem sabe? 🙂