Nanci distribuiu revista com dezesseis páginas de ilusão

O Governo de José Luiz Nanci distribuiu nos lares gonçalenses uma revista com 16 páginas contando suas ações. Na minha rua deixaram dois exemplares da revista por casa, talvez para que a gente pense que o trabalho do governo é maior, quando na realidade ele não chega aos pés das necessidades do município.

Não é a primeira vez que um prefeito de São Gonçalo gasta dinheiro do povo pra falar bem de si mesmo. O último que fez isso foi Neilton Mulim, o ladrão. A revista de Nanci, além de ofensiva quando comparada com o desleixo com que São Gonçalo é tratada, inova no quesito ousadia para ludibriar o povo, devo reconhecer. Para a população de uma cidade que gastou R$ 13 milhões para erguer um teatro municipal e o deixa parado há três anos, mofando até hoje, como primeiro item da revista Nanci apresentou a pasta da Cultura e outra obra não inaugurada: o Centro de Tradições Nordestinas Severo Embaixador Nordestino, em Neves. A revista não deixa claro que o espaço ainda não funciona, indicando que Nanci deve sentir tanto prazer em enganar e fazer o povo sofrer quanto Mulim sentia.

Nas páginas seguintes, o governo destaca a criação de unidades de ensino e da nova biblioteca municipal, um enorme passo para trás no incentivo à leitura. Depois de meses encaixotados e escondidos só Deus sabe onde, os livros da população foram colocados à disposição dentro de um contêiner isolado no galpão que é o prédio da Secretaria de Educação, em uma rua pouco movimentada no Mutondo.

Um dos atrativos da nova biblioteca seria a parceria com a Fundação Darcy Ribeiro para aumento do acervo. A parceria aconteceu, mas a fundação doou nada mais do que cinquenta livros, o que não representa aumento significativo. Pra piorar, as obras doadas – de extremo valor para a compreensão da formação do Brasil – foram organizadas em uma prateleira a poucos centímetros da parede, impedindo que sejam descobertas pelo leitor, ao invés de estarem viradas para a área de circulação.

O maior número de ações listadas, quase trinta, são associadas à Saúde, pasta que ganhou status de menina dos olhos do município durante a gestão de Dimas Gadelha. Recentemente o glamour deu lugar à realidade: alguns vereadores estão investigando denúncias de corrupção envolvendo a organização social que administrava o Pronto Socorro Central, o número de reclamações sobre o atendimento nas unidades municipais supera a quantidade de elogios dos cabos eleitorais e São Gonçalo acumula projetos inacabados, como a Policlínica do Vila Três, há anos construída sobre uma área de lazer importante para o bairro e se deteriorando sem nunca ter funcionado.

Os itens envolvendo o Meio Ambiente, onde realmente parece que tivemos avanço, ficaram no final da revista. Novas áreas de proteção ambiental foram criadas, resultando em aumento na arrecadação de impostos. Na última página, com nenhum destaque, veio o projeto Família Acolhedora, um dos poucos exemplos de iniciativa de longo prazo que ultrapassa governos.

Ainda há muito a ser feito. São Gonçalo é uma cidade poluída, sem saneamento, varrição e sem arborização nos centros urbanos. Nenhuma estatística foi citada na revista. O resultado em números de nenhum programa, com o antes e o depois, foi mostrado porque Nanci não tem programa. Como as anteriores, sua gestão é pura ilusão.

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