Nasce um buraco negro a cada debate entre Nanci e Dejorge

A concentração de massa em um buraco negro é tão grande que nada consegue escapar da atração de sua força de gravidade, nem mesmo a luz. Quando se encontram José Luiz Nanci e Dejorge Patrício, candidatos a prefeito de São Gonçalo, um fenômeno parecido acontece: a concentração de ignorância é tão grande que todas as chances de um futuro digno para a cidade são sugadas e desaparecem.

Os buracos negros intrigam os cientistas desde o século 18, quando o geólogo John Michell concebeu a ideia de um corpo maciço do qual nada pode escapar. Dejorge e Nanci surpreendem os gonçalenses desde o dia 2 de outubro de 2016, quando conquistaram uma vaga para o segundo turno das eleições municipais. Suas candidaturas reúnem uma infinidade de ideias pobres e vagas. Nos seus programas de governo faltam soluções práticas – baseadas em estudos e levantamentos – para problemas como a má qualidade da educação e o lixo nas ruas.

Na primeira vez que os candidatos estiveram frente a frente, no debate promovido pelo SBT dia 17/10, o restante de esperança que havia sobre São Gonçalo virou escuridão absoluta. O nível político de ambos é nulo, influenciado por sua baixa capacidade intelectual e desprezível conhecimento histórico.

A tentativa de Dejorge Patrício de ligar a imagem de seu adversário ao governo estadual e à crise de segurança foi um show de bizarrices dada a capacidade infantil de argumentação de Dejorge. Ele se limitava a repetir insistentemente,  incomodando os ouvidos do telespectador, a frase que recebeu de sua assessoria:

– Deputado Dr. José Luiz Nanci, nosso deputado estadual da nossa cidade.

O que faltou? Profundidade. Quais as origens da São Gonçalo atual, de centro urbano caótico e população imersa na informalidade, quais são as medidas possíveis de desenvolvimento. Nanci não sabe o que significa a sigla BRT, Bus Rapid Transit, uma de suas promessas de governo. Prova de que não estudou o tema e é incapaz de viabilizá-lo. Um disparate comparável à passagem a R$ 1,50 de Neilton Mulim.

Diante das câmeras, a expressão corporal de Nanci é insegura, delicada, quase angelical. O acúmulo dos mandatos inexpressivos para os quais foi eleito desde 1992 estão no seu rosto caído. Já Dejorge se movimenta como um adolescente determinado correndo atrás de uma pipa na rua, ou como o boêmio que segura firmemente um copo de cerveja na frente do bar. Nada além disso.

Um debate serve para que os adversários questionem as propostas de governo um do outro e apontem defeitos. Como nenhum candidato apresenta detalhes de implementação de suas teorias, nada é questionado e os debates são inúteis.

Dejorge tenta conquistar o eleitor a partir de seus sofrimentos. Quer ganhar votos através de cicatrizes. Não nos interessa se almoçava pão com manteiga na infância e se deslocava de Santa Isabel ao Boa Vista a pé. Ser de comunidade pobre, trabalhador e honesto não transforma ninguém em bom administrador público. E não basta confiar na equipe de governo.

Nanci não consegue formular respostas e não terá agilidade para resolver as urgências do município. Tem graves dificuldades para se expressar politicamente, que é o que nos interessa como população.

Os eleitores de Dejorge e Nanci não conhecem a falta de preparo de seus candidatos. Votaram neles porque acreditam sinceramente que são as melhores opções, um engano incorrigível.

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