Em menos de dois meses teremos Eleições no Brasil inteiro e em São Gonçalo não se discute mais a pobreza e a violência da cidade. O povo gonçalense, mais de 1 milhão de vidas, segundo maior colégio eleitoral do Estado, não consegue impedir esse ciclo que perpetua o subdesenvolvimento e se repete a cada dois anos.
Deveres não cumpridos da classe política são trocados por novas promessas de quem pretende se eleger. A cidade fica mais colorida, e suja, com o material de campanha dos partidos, bandeiras e faixas ilegais penduradas em árvores cortadas, viadutos e passarelas. Vereadores e secretários que não vão concorrer assistem ao caos gonçalense e a campanha política de longe, de preferência sentados na orla de Maricá, com a brisa marítima batendo no rosto.
A pauta da Câmara Municipal se arrasta, abranda, depois de passar um mês em recesso. O prefeito José Luiz Nanci, citado em delação do operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (G1), passa o dia se defendendo das acusações de ter recebido R$ 2 milhões via caixa 2. No início do ano a preocupação era a acusação de ser mandado pela mulher, tema que virou até bloco de Carnaval. O tempo passa, Nanci nunca se dedica a projetos de importância e São Gonçalo não conta com um prefeito.
É até fácil encontrar moradores da cidade que esperam com ansiedade a época das Eleições. Fazem campanha para qualquer candidato, independentemente das propostas dele, e recebem algum dinheiro em troca. Os mais puxa-sacos ganham um cargo de confiança.
O candidato se torna um pai protetor, um deus tratado com respeito excessivo ou devoção. Abaixo dele gonçalenses se derretem ouvindo seu discurso contra o comunismo cheio de erros de Português e menções a Jesus Cristo e à família. Ainda que o candidato exerça cargo no Governo ou na Câmara, suas falhas são perdoadas, sua omissão e passividade em relação às deficiências municipais são esquecidas, a campanha eleitoral passa uma borracha no passado. Enfim os seguidores pedem uma fotografia com o ídolo, pensando em aumentar a popularidade da própria carreira política.
Quem age em benefício do político é o gonçalense submisso, ao invés do político trabalhar em benefício do povo. Gira em torno de R$ 15 mil os vencimentos mensais de um vereador e de um secretário de governo em São Gonçalo. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ou na Câmara Federal, em Brasília, eles ganharão mais.