É difícil dizer que tipo de poluição está mais presente em São Gonçalo: visual, sonora, do ar ou do solo (ruas e calçadas). Ao entrar no centro de qualquer bairro, a mente se confunde com tantas placas de anúncio penduradas em locais proibidos, como postes, árvores, muros… Os ouvidos são agredidos pelo uso excessivo e indiscriminado da buzina, fruto da intolerância no trânsito; as ruas são estreitas, congestionadas e o escapamento dos veículos as transformam em locais desagradáveis, difíceis de respirar; e ao redor de cada poste há uma pilha de lixo, a qualquer hora do dia, transformando o ato de caminhar em desafio ao olfato e ao corpo, diante da imundície. A culpada direta pela falta de fiscalização e pelo não cumprimento da lei é a Prefeitura, mas, além dos habitantes que não a respeitam, percebe-se facilmente que grande parte desta poluição vem das empresas instaladas na cidade, que sujam de forma contínua e desenfreada.
Do hipermercado ao camelô, das gigantes do ramo de TV por assinatura às prestadoras ilegais desse mesmo serviço, passando inclusive pelas igrejas e universidades, que deveriam ser exemplos de cidadania para cidadãos com tão pouca instrução, não importa o tamanho da empresa ou instituição, a falta de respeito com a cidade e seus mais de 1 milhão de habitantes é vergonhosamente comum. Descartam o lixo de suas operações diárias como bem entendem: peixarias depositam nas calçadas a parte não comestível e fedorenta do pescado, açougues espalham nas ruas caixas de papelão sujas de sangue e oficinas depositam nas esquinas montanhas de pneus inutilizados. Bastaria guardar o próprio lixo em repositórios dentro de cada estabelecimento e entregá-los ao caminhão no ato da coleta. No entanto, não satisfeitos, colocam sua marca e promoções de produtos e serviços onde houver espaço disponível (ainda não ocupado por outra empresa ilegal) e de preferência ao ar livre, ao alcance da visão do maior número de pessoas.
Prefiro não chamar a Prefeitura Municipal de São Gonçalo de omissa ou incompetente porque a gravidade do problema exige adjetivos piores. Afirmo com a certeza de um cidadão que habita e circula na cidade há 25 anos que se existe fiscalização, ela é no mínimo ineficiente e certamente corrupta. Caso contrário as imagens abaixo não seriam tão cotidianas.
É triste mas é a realidade. São Gonçalo sofre de falta de educação crônica.
Moro no Zé Garoto e sempre que vou ao Rodo vou andando, e passo o caminho inteiro reclamando mentalmente dos lixos nas calçadas, dos carros estacionados nas calçadas, das lojas que expõem seus produtos do lado de fora das mesmas, dos camelôs, dos carros que avançam o sinal, dos carros que param nas faixas e temos que contorná-los para atravessar a rua, e por aí vai. Já mandei e-mails para a prefeitura cobrando fiscalização, já mandei reclamações para um link da secretaria de posturas que existia no site da prefeitura, nunca obtive nem resposta de nenhuma das minhas reclamações. Simplesmente não há o que fazer.
Petra, felizmente a realidade pode ser transformada e em São Gonçalo há muito o que fazer, como a fiscalização que você já exigiu. Existem meios legais que podem ser utilizados para obrigar o cumprimento da ordem e limpeza urbana. E temos um poder enorme, o voto. Discutiremos em grupo os problemas da cidade em busca de soluções; entrarei em contato, caso queira participar.