Que a Justiça prevaleça

Ainda presidente da Câmara dos Deputados, exemplo de político ardiloso, Eduardo Cunha autorizou a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Que a Justiça prevaleça agora, imparcial, idônea, em vez do ódio ignorante que ampara o oportunismo daqueles que desejam, ardentemente, a saída de Dilma do Planalto. Que vença a Verdade, ao invés da devoção cega ao “coração valente”, que prefere não ver as irregularidades cometidas pela presidente.

Cunha considerou suficiente o argumento de que Dilma editou decretos de aumentos de gastos sem autorização do Congresso, como exige a lei. Outro crime, o de atraso proposital de repasses a bancos públicos para cumprir metas orçamentárias, a famosa pedalada fiscal, também é citado no pedido de impeachment acatado, elaborado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. Se governos anteriores praticaram essas falcatruas, isto não as torna legais, e o dolo moral acumulado é ainda maior hoje.

Ao se defender publicamente, Dilma confirmou sua burrice destemperada, digna de lutadores de boxe partindo para a briga sem estratégia. Ela preferiu citar indiretamente os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro de Cunha, sendo apurados pelo Supremo Tribunal Federal, e privar o país de suas justificativas contra as acusações existentes no pedido de afastamento. Pedido que não foi elaborado por adolescentes em projeto escolar, mas leva a assinatura de advogados experientes e de um ex-ministro da Justiça.

Vemos o país em recessão econômica profunda, cada vez menos dinheiro no bolso, carência de educação no espírito e escândalos de corrupção explodindo sem cessar, como o caso do senador Delcídio Amaral, que planejou o suborno e a fuga de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. É quando mais dependemos da Justiça. A mesma que prende políticos e grandes empresários criminosos através da Operação Lava-Jato. A única que, praticada, traz esperanças por um país melhor.

Enquanto o pedido de impeachment segue seu trâmite até o julgamento final no Senado, se aprovado antes pela Câmara, o Brasil continua perdendo os avanços dos últimos anos: o governo pode fechar o ano de 2015 com um déficit de até R$ 119 bilhões, inflação superior a 10%, taxa de desemprego de 8% e redução de 3% do Produto Interno Bruto. A militância sem escrúpulos e as intrigas infantis da classe política por atenção e poder não resolverão nada. Mas a boa e velha Justiça, aplicada sobre aqueles que conduzem o país à depressão, faz parte da solução.

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