Eduardo Gordo exerce seu terceiro mandato como vereador em São Gonçalo, cidade grande governada por gente pequena, ignorante, que pensa que é dona da máquina pública e pode utilizá-la a seu favor.
Na sede do Poder Legislativo Municipal, ele fala, naturalmente, mais alto do que qualquer outro parlamentar e interrompe os demais mesmo não sendo sua hora de usar a palavra. Quem tem medo de Eduardo Gordo? Os vereadores gonçalenses têm medo. Ou são tão descarados quanto ele. Em respeito à população, deveriam ter votado o afastamento do nobre colega depois que ele defendeu, durante uma sessão plenária, a distribuição de cargos comissionados na Prefeitura, o “leitinho dos gatos”, em troca de apoio político para o prefeito José Luiz Nanci.
Contra Eduardo Gordo, inflamação por onde flui o líquido viscoso, amarelado e fedorento da política gonçalense, os vereadores ensaiam uma revolta frágil, se debatem e gemem sob as garras do predador. Eduardo empurra com a barriga, encosta na parede e encara vinte e seis vereadores fazendo cara de mau, parte do plano para conquistar a vice-presidência da Câmara usando ninguém menos que o Prefeito como aliado no projeto. A conquista seria suficiente para décadas de retrocesso humano nesse município de 1 milhão de habitantes.
Se uns falam demais, outros vereadores passam quatro anos sem abrir a boca. Esperam o salário cair na conta sentados e quietos. Gordo, pelo menos, com sua sinceridade escancara a podridão que consome São Gonçalo. Ele é o símbolo perfeito do que devemos vencer como cidade.
Existe um vilão na Câmara, mas não há heróis. Jalmir Junior apresenta bons argumentos, só que não quer briga, prefere filosofia barata. O inteligente Alexandre Gomes submete seu intelecto, não tão desenvolvido, à fragilidade de José Luiz Nanci. Capitão Nelson quer partir para a porrada, mas porrada não vai livrar o jovem gonçalense das drogas e ajudá-lo a realizar seus sonhos. Resta Sandro Almeida. Tem os poderes necessários para bloquear Gordo, mas é ganancioso demais e transformou o Governo Municipal em seu inimigo.
O medo generalizado deve explicar a presença entre os vereadores eleitos de alguém acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter desviado recursos que seriam destinados à Saúde do Município (Jornal Extra). Principalmente quando o patrimônio do acusado aumenta 242% em quatro anos. O medo, a opressão ou o desconhecimento do eleitor sobre fatos assombrosos, como o recolhimento forçado de edições dos jornais Extra e O Fluminense (G1) contendo a denúncia do MPF.
Quase todos têm medo, exceto os jornais. Além dos citados, o Jornal Daki acompanha a deprimente sinceridade de Gordo na Câmara. Com a ajuda do Jornalismo, São Gonçalo vai se livrar do medo que a impede de ser governada por pessoas grandes de verdade.