Até junho deste ano eu considerava o jornal O São Gonçalo uma publicação desprezível, que busca e vende violência, indigna de carregar o nome de um município onde vivem 1 milhão de pessoas. O jornal continua inútil, mas meu ódio por ele se foi. Quando estive na exposição “Belarmino de Mattos 125 anos – Patrono do Jornalismo Gonçalense”, vi que a história do jornal é maior do que a falta de cidadania da direção atual, que desconhece os princípios jornalísticos. O São Gonçalo circula há longos 85 anos e merece ser salvo, não odiado.
Belarmino de Mattos fundou o jornal O São Gonçalo em 1931 e era mais que um jornalista. Ele atuou em áreas como política, cultura e economia e ajudou a criar instituições diversas, como hospitais e ligas esportivas. O São Gonçalo foi fundado por um gênio que desejava que o veículo fosse “uma árvore imortal, árvore da inteligência, da vontade popular e das aspirações públicas”. Ainda nas suas palavras, Belarmino queria dotar a cidade de “uma grande voz que falasse ao povo do município, aos nossos vizinhos do Brasil inteiro”.
Hoje de propriedade da Fundação Universo e presidido por Wallace Salgado de Oliveira, temos nas páginas nefastas do diário o oposto dos valores humanos cultivados por seu fundador. A publicação é usada como um brinquedo para exercício da vaidade e gosto pela violência, onde fotografias de integrantes da família Salgado de Oliveira são publicadas na capa como exemplos de gonçalenses ilustres. Um autoelogio medíocre.
O São Gonçalo não traz informações sobre o dia a dia político e econômico da cidade que favoreçam a formação da opinião pública a respeito da realidade caótica gonçalense. Ele prefere fazer parcerias de divulgação com restaurantes, em vez de se aproximar de livrarias e grupos culturais, tão ignorados aqui.
Apesar do nome da publicação, não bastasse a quantidade de cadáveres gonçalenses que exibe, os assassinatos em Itaboraí, Maricá, Niterói, Rio Bonito, Tanguá e Região dos Lagos não ficam de fora. Formam uma colcha de retalhos sangrenta descompromissada com o desenvolvimento da capacidade crítica do leitor.
O Sr. Wallace Salgado de Oliveira poderia alegar que preside uma empresa que paga contas e salários em tempos de crise econômica, não mantém um ideal. Desde que vejo o jornal nas bancas, há pelo menos quinze anos, ele jamais tentou qualquer reformulação em direção a um veículo mais completo e provavelmente mais rentável.
O Jornalismo é um dos pilares da democracia, por isso cada canal de notícias carrega importante responsabilidade social onde é publicado. A Fundação Universo pode mudar o nome do seu para algo mais apropriado, como “O Boletim de Ocorrências” ou adotar a verdadeira missão de um jornal.
Sr Mario, faço minhas as suas palavras! Não conhecia, até então, a história desse jornal, mas, sempre fui crítico de como um veículo de informação que leva o nome de nossa cidade e, triste de acreditar, controlado por uma universidade seja tão medíocre e preste um grande desserviço para os gonçalenses.
Nós poderíamos atuar como formadores de opinião, sugerindo a atual gestão do jornal que tenha uma página que conte a História de nosso município.
Que estimulem a difusão da Cultura entre a população.
O Jornal em questão, segue uma linha que demonstra a realidade em que vive São Gonçalo e municípios vi sonhos. Insegurança, saúde ruim,Educação desvalorizada.. Não fiscalização do uso das verbas públicas. , etc..
Entretanto tem que ser de uma forma inteligente, que atraia o público alvo do jornal, já acostumado a ler só dobre violência. Universo é uma referência em educação. E sei que a família Salgado é capaz de fazer melhor.