Da esperança ao fracasso

Em 2003 a esperança vencia o medo da instabilidade econômica que poderia ser provocada pelo “desarranjo mental dos comunistas que comem criancinhas”, e Lula iniciava seu primeiro mandato. 13 anos depois (número emblemático do Partido dos Trabalhadores), com Dilma – que não come crianças – na Presidência, o medo provou que tinha certa razão: os indicadores econômicos brasileiros apontam uma longa recessão e os principais projetos mantidos pelo governo petista foram dois majestosos esquemas de corrupção organizada, o Mensalão e o Petrolão.

Em 2015 o Produto Interno Bruto (PIB) nacional recuou aproximadamente 3,7%, de acordo com os economistas consultados pelo Banco Central (Boletim Focus). Mais otimistas do que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), eles esperam que o PIB continue retraído em 2016 (-3%) e volte a crescer, timidamente, apenas em 2017 (0,8%). Para o FMI a recuperação da economia terá início apenas em 2018, último ano do governo Dilma. Com a inflação acima de 10% e o encerramento de 1,5 milhão de vagas de emprego em 2015 (Ministério do Trabalho), antes esperançosos, os brasileiros agora misturam sentimentos que vão da apreensão à completa revolta contra a Presidente da República e seu partido. Há 15 anos as demissões não superavam as contratações.

Diante do mercado de trabalho se fechando drasticamente e gerando 9 milhões de desempregados, é pouco citado o aumento de estudantes no Ensino Superior, em parte graças ao financiamento federal. Não há garantias de oferta de emprego no futuro próximo para profissionais formados ou em formação. O trabalhador com emprego regular também não pode comemorar: a renda média sofreu ano passado a primeira queda em 11 anos, reduzindo seu poder de compra.

Os afetados com maior crueldade pela condução fracassada do país, contudo, são os cidadãos que não superaram o analfabetismo, a saúde pública decrépita e a concentração da violência sobre eles. Mesmo os mantidos pelo Bolsa Família, que venceram a fome nos últimos anos, suportam condições miseráveis de existência que historicamente acompanham o Brasil.

Teremos uma economia estacionada ou, na melhor previsão, iniciando a própria recuperação a partir do ano que vem. Incertezas, recessão, inflação e desemprego demais para uma nação governada há 13 anos e um mês pela mesma ideologia. Mas o título de país do futuro continua nosso e a esperança da vez, inédita, é o fortalecimento de instituições como o Ministério Público, a Polícia Federal e o Supremo Tribunal de Justiça. Elas transformam em réus políticos e empresários corruptos que enriquecem ilicitamente enquanto o Brasil fracassa.