Dejorge Patrício, candidato a prefeito de São Gonçalo, promete renovar a cidade caso seja eleito. A primeira meta de “renovação” apresentada à população, em folhetos distribuídos nas ruas, é criar uma secretaria de assuntos religiosos.
De acordo com o dicionário Michaelis, renovar significa modificar para melhor. O eleitor, enganado pelo lema de campanha “Vamos Renovar”, acredita que Dejorge planeja livrar São Gonçalo da desordem urbana ou da má educação, dois graves problemas municipais. Esses temas, entretanto, não aparecem no folheto, que lista ao todo seis metas, entre elas a construção de clínica para a terceira idade e de centro de atenção ao idoso.
São Gonçalo é pobre e ocupa as últimas posições no ranking do IDEB no estado do Rio de Janeiro. Tem tanta gente buscando no comércio informal uma maneira de se sustentar que acabou o espaço para novos camelôs no Centro e em Alcântara. Se o candidato pensasse no bem da cidade, escolarização e capacitação profissional seriam, no mínimo, o principal objetivo de seu eventual governo.
A primeira meta de Dejorge Patrício é facilmente explicada: sua candidatura agrada sua base de apoio político sedenta por poder, o segmento evangélico, religião professada como se o transformasse num administrador público competente. Ao se desviar das verdadeiras carências, o candidato prejudica toda a população, inclusive os evangélicos.
Dejorge não estabeleceu metas factíveis de renovação, ou desenvolvimento, baseadas em números. Implantar dois pontos de leitura por ano nos locais de maior circulação de pessoas ou reciclar 70% do lixo produzido até o fim do mandato, por exemplo. Ele relaciona alguns itens que acha que vão atrair votos, apesar de não saber como realizá-los, como a construção de um hospital para tratamento do câncer.
Um candidato perdido, ganancioso, gera um prefeito despreparado. Dejorge afirma que não é um “político cristão, e sim um cristão político”. Para livrar nossa cidade da lama, do esgoto, do lixo, da escuridão e da ignorância precisamos de um cristão, de alguém que sofreu durante toda a vida ou de um administrador público competente?
Quando diz que é a cara do gonçalense, Dejorge acerta em cheio. Descontraído, até debochado, orgulhoso de suas limitações, ele reúne os maiores desvios de nossa formação a serem superados. Suas promessas eleitoreiras são tão fáceis de desconstruir quanto um castelo de areia.