Um café na Praça dos Bandeirantes, ao lado das pilhas de lixo

Um café na Praça dos Bandeirantes, ao lado das pilhas de lixo

Estou tomando um bom café na padaria Porto Príncipe, na Praça dos Bandeirantes. O sabor é o mesmo do café que tomei em um bar qualquer do Leblon no dia da prisão de Sérgio Cabral. Os helicópteros da polícia e da imprensa sobrevoavam o Leblon como moscas chatas. No Bandeirantes – que nem é reconhecido oficialmente como bairro – vivem menos políticos corruptos do que no Leblon, mas o bairro gonçalense tem outro problema grave: há moscas demais sobre as pilhas de lixo, moscas e fedor de verdade.

É por isso que a população reclama do governo Nanci. Em seis meses ele não trouxe o mínimo de dignidade, iluminação pública e coleta ampla e regular de lixo. A Operação Cidade Limpa, do fracassado governo Mulim, tentou limpar a cidade mas não ensinou o que fazer com o lixo, como separá-lo do material reciclável. Nanci precisa fornecer essa alternativa. Ninguém joga sacos de lixo na rua por prazer, sacos que depois são rasgados e espalhados por cães, porcos, cavalos e outros animais.

Oslo, na Noruega, avançou além da reciclagem, passou pela redução da geração de lixo, produz energia a partir dos resíduos sólidos e agora enfrenta um problema oposto: falta lixo na cidade e ela precisa importá-lo de outros países. Por que não em São Gonçalo?

Me prova que é possível dar dignidade à região, que oficialmente faz parte do bairro Amendoeira, o café com pão na chapa da Porto Príncipe, apreciado com o sol ameno dessa manhã de inverno, sentado em uma das cadeiras de madeira dispostas na calçada da padaria.

A Praça dos Bandeirantes é cheia de árvores, maravilha escassa no centro urbano municipal. É longa, linda, enorme. Alguns gonçalenses saem de casa a pé, atravessam a Estrada Raul Veiga, a praça, pegam um ônibus na rua Joaquim Laranjeiras e descem na Candelária, no Centro do Rio. São Gonçalo está integrada até a alma com os municípios ao redor, como diz Matheus Graciano, fundador do Sim São Gonçalo.

Os ônibus passam, carros também, em grande quantidade, mostrando o quanto o bairro está vivo. Já às 9h o ar dele consegue ser meio poluído e o vai e vem traz uma nostalgia que só existe nos lugares populosos.

Uma praia não é necessária para transformar o Bandeirantes, ou Amendoeira, em bairro nobre. Removam as pilhas de lixo e o excesso de policiais traidores.

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